Receitas de uma avó centenária

Mas a dona Anita tinha seus segredos de beleza. À noite
sempre lavava bem o rosto e aplicava uma mistura de um creme famoso para
assadura de bebê e um creme hidratante do pote azul antigo. Dormia muito bem
suas oito horas e alimentava-se com cuidado com frutas e verduras frescas. Foi
com ela que aprendi a comer fígado bem cozido com muita cebola. Uma iguaria que
muitos devem estar fazendo careta agora ao ler. Tomava seu copo de vinho tinto
e muita tranquilidade à mesa. Só podíamos levantar quando o meu avô terminava
de comer. Conversávamos amenidades e ouvíamos a música “como pode um peixe vivo
viver fora da água fria” na antiga vitrolinha do meu avô. Ao final levantava-se
e dançava um pouco conosco.
Gostava de caminhar
muito e ir ao cinema. Lia o jornal, sabia tudo o que se passava no mundo e não
deixava de fazer as palavras cruzadas. Não sei como vou envelhecer com a cabeça
ativa, não tenho paciência nenhuma de fazer palavras cruzadas, hehe.
Gostava de receber visitas e cultivava os amigos. Fora
professora e muitos alunos antigos a visitavam de tempos em tempos. Sabia os
poemas de Dante Alighieri de cor e ninguém ganhava dela no baralho.
Ah mas nem só de alimentos saudáveis vivia a minha avó. Fazia um Crostoli como ninguém e nele
descobri muita fritura. Eu acho que o
prazer de comê-lo no chá com os amigos compensava a guloseima.
E assim deixo as lembranças da minha avó querida ensinarem
um pouquinho do segredo de se viver mais e melhor.
A melhor homenagem a quem nos serviu de referência é seguir seus exemplos
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