segunda-feira, 4 de maio de 2015

Depressão e Alimentação

Depressão têm relação com a flora intestinal?


  A serotonina é conhecida como o hormônio da felicidade. Quando seus níveis estavam baixos podia surgir a depressão. Os antidepressivos tinham o papel de impedir a degradação e a recaptação da serotonina no cérebro para elevar seus níveis.
  Por um bom tempo nos foi dito que o desbalanço químico de serotonina, norepinefrina e dopamina no cérebro causariam a depressão e outros transtornos mentais. A indústria farmacêutica teve um papel fundamental na difusão desta ideia, uma vez que arrecada cerca de US$ 10 bilhões só nos Estados Unidos com a venda de antidepressivos. Estudos novos demonstraram, porém, pacientes com depressão com níveis anormalmente altos de serotonina e norepinefrina e outros sem depressão com estes níveis baixos. A depressão, então, não seria apenas uma doença, mas um sintoma de algo maior no organismo. Isto é, a depressão seria um sintoma de um processo de inflamação crônica.
  Durante uma inflamação são liberadas várias substâncias chamadas de citocinas. Como exemplo de citocinas inflamatórias temos o TNF-α(fator de necrose tumoral), IL-1(interleucina), IFN-ɣ(interferon) que podem desencadear quadros psiquiátricos. Por outro lado, drogas antidepressivas reduzem estas citocinas inflamatórias.

Então se é a inflamação que causa a depressão, o que causa a inflamação?


  A nossa dieta e estilos de vida modernos são fatores para desenvolver a inflamação.
  Alimentos como açúcar, farinha refinada, gorduras oxidadas, gorduras trans, conservantes, aditivos, agrotóxicos além de outros geram este processo inflamatório. Já gorduras ricas em ácidos graxos ômega-3, ômega-6 e 9, comidas fermentadas e fibras não digeríveis são capazes de reduzir a inflamação.
  A obesidade é outro processo inflamatório que estaria ligado à depressão. O stress desencadeia a liberação das citocinas inflamatórias como TNF-α e IL-1. A privação de sono crônica também é outro fator de depressão. A deficiência de Vitamina D é outro fator porque níveis normais de vitamina D reduzem estas citocinas prejudiciais.
  Atualmente comenta-se que a nossa felicidade depende do nosso intestino.
  Quem imaginaria que distúrbios da flora intestinal na infância poderiam ser a causa de níveis baixos de serotonina no adulto?

Como a flora intestinal pode interferir nos níveis de serotonina no cérebro e inflamação no organismo?


  A flora intestinal significa o conjunto do todos os microrganismos que habitam o nosso intestino. Na verdade, a nossa flora intestinal repercute não só no cérebro, mas em todo o nosso organismo. Por exemplo, no desenvolvimento de alergias e intolerância alimentar, bem como no desenvolvimento de diabetes, desordens inflamatórias crônicas, obesidade e doenças autoimunes. Ela regula nosso apetite e a escolha dos alimentos que vamos comer.
  Atualmente acredita-se que ela seja responsável por doenças como o autismo e a depressão. Neste momento você deve estar se perguntando: Mas como isto é possível?
  Se pensarmos que a flora intestinal é responsável pela digestão e absorção de todos os nutrientes e substâncias vitais para o nosso organismo, bem como a manutenção da mucosa intestinal íntegra, formando uma barreira para a entrada de toxinas e metabólitos tóxicos que entram na corrente sanguínea, veremos o quanto ela é importante. Além disso, dela depende o funcionamento do nosso sistema imunológico.
  Logo após o nascimento, a flora intestinal desempenha um papel muito importante no desenvolvimento e amadurecimento do sistema imunológico e endócrino. Estes por sua vez, têm papel chave no desenvolvimento do sistema nervoso central.
  Quando a flora intestinal normal é substituída por bactérias nocivas, ocorre uma alteração da permeabilidade da barreira intestinal e substâncias como lipopolissacarídeos (LPS) são absorvidos e penetram na circulação, provocando a liberação de citocinas inflamatórias.
  Pesquisadores irlandeses demonstraram que uma flora alterada na infância afetava a produção de serotonina. Daí a importância em se defender o parto normal, a amamentação, o uso de probióticos na gestante e no lactente, evitar o uso excessivo de antibióticos para poder formar uma flora diversa e estável.
  Estudos mostraram que o uso de probióticos reduzia a intensidade de reações emocionais. Ratos de laboratório alimentados com probióticos respondiam de uma forma mais lenta ao stress. O mesmo estudo foi reproduzido em mulheres e as que recebiam probióticos por quatro semanas responderam de forma mais equilibrada e mais descontraída ao stress. Assim, descobrimos que não é só o stress que afeta o estômago e o intestino, mas os intestinos afetam o cérebro. Parece confuso? Estamos redescobrindo o que a medicina milenar tradicional Chinesa e a Ayrveda já tinham como um conceito definido.
  Concluindo, a nossa saúde fisica e mental dependem dos nossos hábitos alimentares.

Sem comentários:

Enviar um comentário