Depressão têm relação com a flora intestinal?
A serotonina é conhecida como o hormônio da felicidade.
Quando seus níveis estavam baixos podia surgir a depressão. Os antidepressivos
tinham o papel de impedir a degradação e a recaptação da serotonina no cérebro
para elevar seus níveis.
Por um bom tempo nos foi dito que o desbalanço químico de
serotonina, norepinefrina e dopamina no cérebro causariam a depressão e outros
transtornos mentais. A indústria farmacêutica teve um papel fundamental na
difusão desta ideia, uma vez que arrecada cerca de US$ 10 bilhões só nos
Estados Unidos com a venda de antidepressivos. Estudos novos demonstraram,
porém, pacientes com depressão com níveis anormalmente altos de serotonina e
norepinefrina e outros sem depressão com estes níveis baixos. A depressão, então, não seria apenas uma doença, mas um sintoma de algo maior no organismo. Isto é,
a depressão seria um sintoma de um processo de inflamação crônica.
Durante uma inflamação são liberadas várias substâncias
chamadas de citocinas. Como exemplo de citocinas inflamatórias temos o
TNF-α(fator de necrose tumoral), IL-1(interleucina), IFN-ɣ(interferon) que
podem desencadear quadros psiquiátricos. Por outro lado, drogas antidepressivas
reduzem estas citocinas inflamatórias.
Então se é a inflamação que causa a depressão, o que causa a inflamação?
A nossa dieta
e estilos de vida modernos são fatores para desenvolver a inflamação.
Alimentos
como açúcar, farinha refinada, gorduras oxidadas, gorduras trans, conservantes,
aditivos, agrotóxicos além de outros geram este processo inflamatório. Já
gorduras ricas em ácidos graxos ômega-3, ômega-6 e 9, comidas fermentadas e
fibras não digeríveis são capazes de reduzir a inflamação.
A obesidade é
outro processo inflamatório que estaria ligado à depressão. O stress
desencadeia a liberação das citocinas inflamatórias como TNF-α e IL-1. A
privação de sono crônica também é outro fator de depressão. A deficiência de
Vitamina D é outro fator porque níveis normais de vitamina D reduzem estas citocinas prejudiciais.
Atualmente comenta-se
que a nossa felicidade depende do nosso intestino.
Quem imaginaria que distúrbios da flora intestinal na
infância poderiam ser a causa de níveis baixos de serotonina no adulto?
Como a flora intestinal pode interferir nos níveis de serotonina no cérebro e inflamação no organismo?
A flora intestinal significa o conjunto do todos os
microrganismos que habitam o nosso intestino. Na verdade, a nossa flora
intestinal repercute não só no cérebro, mas em todo o nosso organismo. Por
exemplo, no desenvolvimento de alergias e intolerância alimentar, bem como no
desenvolvimento de diabetes, desordens inflamatórias crônicas, obesidade e
doenças autoimunes. Ela regula nosso apetite e a escolha dos alimentos que
vamos comer.
Atualmente acredita-se que ela seja responsável por doenças
como o autismo e a depressão. Neste momento você deve estar se perguntando: Mas
como isto é possível?
Se pensarmos que a flora intestinal é responsável pela
digestão e absorção de todos os nutrientes e substâncias vitais para o nosso
organismo, bem como a manutenção da mucosa intestinal íntegra, formando uma
barreira para a entrada de toxinas e metabólitos tóxicos que entram na corrente
sanguínea, veremos o quanto ela é importante. Além disso, dela depende o
funcionamento do nosso sistema imunológico.
Logo após o nascimento, a flora intestinal desempenha um
papel muito importante no desenvolvimento e amadurecimento do sistema
imunológico e endócrino. Estes por sua vez, têm papel chave no desenvolvimento
do sistema nervoso central.
Quando a flora intestinal normal é substituída por bactérias
nocivas, ocorre uma alteração da permeabilidade da barreira intestinal e
substâncias como lipopolissacarídeos (LPS) são absorvidos e penetram na
circulação, provocando a liberação de citocinas inflamatórias.
Pesquisadores irlandeses demonstraram que uma flora alterada
na infância afetava a produção de serotonina. Daí a importância em se defender
o parto normal, a amamentação, o uso de probióticos na gestante e no lactente,
evitar o uso excessivo de antibióticos para poder formar uma flora diversa e
estável.
Estudos mostraram que o uso de probióticos reduzia a
intensidade de reações emocionais. Ratos de laboratório alimentados com probióticos
respondiam de uma forma mais lenta ao stress. O mesmo estudo foi reproduzido em
mulheres e as que recebiam probióticos por quatro semanas responderam de forma
mais equilibrada e mais descontraída ao stress. Assim, descobrimos que não é só
o stress que afeta o estômago e o intestino, mas os intestinos afetam o
cérebro. Parece confuso? Estamos redescobrindo o que a medicina milenar
tradicional Chinesa e a Ayrveda já tinham como um conceito definido.
Concluindo, a nossa saúde fisica e mental dependem dos nossos hábitos alimentares.
Sem comentários:
Enviar um comentário