Mulher
não é fruta, boneca ou outro objeto de consumo.
É
incrível o poder da mídia sobre os padrões de beleza das pessoas. E mais triste
é ver as próprias mães estimulando estes conceitos nas filhas ainda pequenas.
Em busca
da aceitação e de ser amada a mulher é capaz de fazer mudanças radicais no seu
corpo, muitas vezes deixando de lado sua saúde.
Certa
vez atendi uma adolescente com uma queda de cabelos brutal e os poucos que
restaram encontravam-se quebrados ou danificados. Ao perguntar para sua mãe que a acompanhava,
tive a resposta que não gostaria de ter ouvido: “ Eu a levo todo mês para fazer
escova progressiva , porque o pai prefere seus cabelos lisos”. Se o pai
compactuava com a ação não fiquei sabendo, porque ele não estava ali para se
defender. E também não deveria estar presente no dia-a-dia da menina para
defender sua saúde. Desde quando o cabelo liso é mais bonito que o crespo saudável?
Outra
estória que se repete muito nos dias atuais são mães de meninas ainda no início
de seu desenvolvimento estimulando o desejo da filha de colocar uma prótese de
silicone. E a justificativa é que os meninos não olham para ela. Se ao invés de
se preocupar com isto, ela se ocupasse em melhorar a auto-estima da filha e
enriquecê-la com os verdadeiros valores da vida, talvez esta menina fosse
olhada e admirada por sua qualidades de conhecimento e leitura de vários livros
interessantes, de ajudar os outros da escola, de praticar um esporte em equipe
ou até tocar um instrumento.
E as
dietas forçadas em meninas em idade de crescimento? Conheci uma que tomava mais
de dez pílulas ao dia para queimar as “gordurinhas”, que sinceramente não
consegui encontrar. Não seria muito mais gostoso jogar vôlei com as colegas da
escola?
Enquanto
isso a indústria da beleza, entre cosméticos, pílulas e cirurgias plásticas vai
seguindo bem polpuda. A ideia de que a beleza pode conquistar a atenção e o
afeto do outro e a aceitação tanto na família como na escola vai invadindo estas
meninas.
E quando crescem continua esta busca incessável pelo corpo perfeito
que a mídia faz questão de apresentar.
Gastam
dinheiro, tempo e saúde neste caminho que muitas vezes leva à frustração ou até
à morte.
A felicidade deveria ser encorajada ligada à saúde, ao conviver bem
com as pessoas e ao se sentir bem com as suas qualidades e possíveis diferenças.
Mas nem
tudo está perdido. Algumas mudanças foram conseguidas.
Eu costumava atender
muitas pessoas repletas de câncer de pele, porque abusavam do sol sem proteção.
Os padrões de beleza encorajavam o bronzeado e as pobres branquinhas insistiam
nas queimaduras, bolhas e descascados para tentar ficar bronzeadas. Hoje em
dia o bonito é ter uma pele da própria cor, bem cuidada, sem o envelhecimento
precoce e lesões ruins que o sol em exagero pode trazer. E assim também foi com
o cigarro que estava ligado ao sucesso e riqueza das pessoas.
Cabe
então a todos e cada um de nós refletirmos e repensarmos nos nossos atos e
palavras e descobrirmos que mulheres e homens queremos formar e deixar para o
mundo.
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