A velha regra do ABCD
Muitas
pessoas já devem ter lido sobre como fazer o auto-exame das manchas escuras na
própria pele.
Uma
regra antiga comumente divulgada é a do ABCD. Quando olhamos para uma lesão na
pele podemos observar as seguintes variações:
A de Assimetria: se dividirmos a lesão na
metade, uma metade é diferente da outra em coloração ou formato. Isto pode ser ruim.
B de Bordas irregulares: o contorno da lesão
não é regular e sim com saliências e reentrâncias. Fala a favor de malignidade.
C de Coloração: Quanto maior o número de
cores que apresentar, pior é.
D de Diâmetro: nevus ou pintas maiores de 1cm
têm um risco maior de se transformar em algo ruim.
Na prática, o que ocorre é bem diferente.
Observando a figura a seguir podemos notar uma pinta ou nevus relativamente simétrico a
olho nu, regular no contorno, poucas cores (2), e menor de
1cm. Pela regra do ABCD esta lesão seria benigna e a pessoa poderia ficar com
ela.
Na verdade, trata-se de um melanoma maligno, um tipo de câncer de pele que
deve ser removido o mais rápido possível.
Ao exame realizado no dermatologista de
dermatoscopia a imagem se modifica. Ao redor da lesão notam-se pequenos pontos
mais escuros nas bordas, muitas cores no seu interior até coloração azulada.
Outro exemplo que poderia confundir o leigo,
ou outro médico não dermatologista. Neste caso, a suspeita pela lesão a olho nu
seria de algo ruim pela coloração extremamente escura e bordas irregulares. O médico poderia orientar uma retirada ampla deixando uma grande cicatriz na pessoa.
Ao exame dermatoscópico, na verdade, trata-se
de uma lesão muito benigna, chamada de queratose seborreica que não precisa ser
removida.
Já esta próxima lesão muito parecida com a
anterior a olho nu, tem as bordas regulares, uma única cor, pequena, bem simétrica a olho
nu , o que sugeriria ser bem boazinha.
À dermatoscopia, porém, trata-se de outro
câncer de pele, outro melanoma maligno.
Portanto, o melhor a fazer é procurar um
dermatologista pelo menos uma vez ao ano para fazer um “check up” ou revisão de
toda a pele do corpo, incluindo o couro cabeludo. E realizar um exame detalhado
de microscopia de superfície da pele de manchas escuras.
A
dermatoscopia é um exame indolor, não invasivo, que avalia pintas e outras lesões dermatológicas e previne alguns tipos de câncer de
pele, diferenciando lesões benignas de outras de risco. Ele aumenta a
sensibilidade de identificação de novas lesões ou mudanças importantes nas antigas .
Este
exame utiliza um aparelho chamado de dermatoscópio. Antigamente utilizava-se um
aparelho que emitia uma luz que atravessava um meio líquido (óleo mineral) e
por uma lente de aumento de 10 vezes podia-se ver as lesões da pele por
diferenças de reflexão.
Hoje em
dia os aparelhos não necessitam da aplicação óleo na pele. Eles emitem uma luz
polarizada que facilita a visualização mais profunda da pele. A dermatoscopia
tem a vantagem de aumentar muito as chances de um diagnóstico correto, desde
que o médico seja bem treinado para visualizar as lesões da forma exata.