segunda-feira, 22 de junho de 2015

A regra do ABCD funciona ?

 A velha regra do ABCD


 Muitas pessoas já devem ter lido sobre como fazer o auto-exame das manchas escuras na própria pele.

 Uma regra antiga comumente divulgada é a do ABCD. Quando olhamos para uma lesão na pele podemos observar as seguintes variações:

 A de Assimetria: se dividirmos a lesão na metade, uma metade é diferente da outra em coloração ou formato. Isto pode ser ruim.

 B de Bordas irregulares: o contorno da lesão não é regular e sim com saliências e reentrâncias. Fala a favor de malignidade.

 C de Coloração: Quanto maior o número de cores que apresentar, pior é.

 D de Diâmetro: nevus ou pintas maiores de 1cm têm um risco maior de se transformar em algo ruim.

 Na prática, o que ocorre é bem diferente. 

 Observando a figura a seguir podemos notar uma pinta ou nevus relativamente simétrico a olho nu, regular no contorno, poucas cores (2), e menor de 1cm. Pela regra do ABCD esta lesão seria benigna e a pessoa poderia ficar com ela.


 Na verdade, trata-se de um melanoma maligno, um tipo de câncer de pele que deve ser removido o mais rápido possível.

  Ao exame realizado no dermatologista de dermatoscopia a imagem se modifica. Ao redor da lesão notam-se pequenos pontos mais escuros nas bordas, muitas cores no seu interior até coloração azulada.


 Outro exemplo que poderia confundir o leigo, ou outro médico não dermatologista. Neste caso, a suspeita pela lesão a olho nu seria de algo ruim pela coloração extremamente escura e bordas irregulares. O médico poderia orientar uma retirada ampla deixando uma grande cicatriz na pessoa.


 Ao exame dermatoscópico, na verdade, trata-se de uma lesão muito benigna, chamada de queratose seborreica que não precisa ser removida.


 Já esta próxima lesão muito parecida com a anterior a olho nu, tem as bordas regulares, uma única cor, pequena, bem simétrica a olho nu , o que sugeriria ser bem boazinha.


 À dermatoscopia, porém, trata-se de outro câncer de pele, outro melanoma maligno.


 Portanto, o melhor a fazer é procurar um dermatologista pelo menos uma vez ao ano para fazer um “check up” ou revisão de toda a pele do corpo, incluindo o couro cabeludo. E realizar um exame detalhado de microscopia de superfície da pele de manchas escuras. 

 A dermatoscopia é um exame indolor, não invasivo, que avalia pintas e outras lesões dermatológicas e previne alguns tipos de câncer de pele, diferenciando lesões benignas de outras de risco. Ele aumenta a sensibilidade de identificação de novas lesões ou mudanças importantes nas antigas .

 Este exame utiliza um aparelho chamado de dermatoscópio. Antigamente utilizava-se um aparelho que emitia uma luz que atravessava um meio líquido (óleo mineral) e por uma lente de aumento de 10 vezes podia-se ver as lesões da pele por diferenças de reflexão.

 Hoje em dia os aparelhos não necessitam da aplicação óleo na pele. Eles emitem uma luz polarizada que facilita a visualização mais profunda da pele. A dermatoscopia tem a vantagem de aumentar muito as chances de um diagnóstico correto, desde que o médico seja bem treinado para visualizar as lesões da forma exata. 

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